"Tropa de Elite" é um filme obrigatório. Não só porque tem um ótimo enredo e os atores são extremamente bons. Mas porque o filme mostra fatos reais sobre temas essenciais do País. Mas não defende, nem ataca, nenhum dos lados. Nem polícia, nem bandido. Nem ricos, nem pobres. Só apresenta a realidade e faz com que as pessoas parem para formar sua opinião.
Corrupção, desigualdade social, violência, tráfico de drogas são problemas que fazem parte do dia-a-dia brasileiro, mas onde está a solução? A solução é o Capitão Nascimento, como disse Luciano Huck depois de ter seu Rolex roubado? Será que quem ganha mais dinheiro tem mesmo uma dívida social a pagar? Xiiii, isso renderia horas e horas e horas de argumentos...
Mas, para mim, mais do que voltar na recorrente discussão ricos x pobres, o filme traz à tona um assunto muito mais pertinente: adianta fazer passeata pela paz e, logo depois, reunir os amigos para fumar um baseado? Se o tráfico, que responde pelo aumento da violência no Brasil, existe é porque há pessoas que alimentam o mercado, certo? Portanto você, que fuma seu cigarrinho do capeta de vez em quando, ou curte um "doce" quando vai para a balada, tem culpa também. Ou não?
Será que, depois do assalto, Luciano Huck conversou com seu colega global Marcelo Anthony (que, recentemente, foi detido por ser pego comprando maconha) para pedir que o cara não financie mais o tráfico, contribuindo para a diminuição da violência no País?
Para fechar, vale a pena copiar aqui a resposta do próprio Capitão Nascimento (retirada do blog do cara) para o apresentador global:
"Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado. Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa” “Onde está a polícia? Onde está a ‘Elite da Tropa’? Quem sabe até a ‘Tropa de Elite’! Chamem o Comandante Nascimento! Está na hora de discutirmos segurança pública de verdade”
Luciano Huck
Rio de Janeiro, 02/10/2007
Sr. Luciano Huck,
Primeiramente gostaria de dizer que fico comovido pelo senhor eleger a minha pessoa como a solução do crime em São Paulo. Não que a menção do meu nome tenha me surpreendido. Eu sou a solução para o crime em todo o universo e em mais duas ou três dimensões paralelas. Isso até a mulher e a filha do Jack Bauer sabem muito bem. O que me surpreende é a sua incrível noção de consciência social e de distinção entre a fantasia e realidade.
O seu relógio avaliado em 48 mil dólares poderia facilmente comprar a moto, os capacetes velhos, as armas e a virgindade anal dos meliantes que o senhor infelizmente teve o desprazer de conhecer (provavelmente sobraria uns trocados também para um cafezinho e umas balinhas de caramelo). Isso, é claro, não deve servir de base nem para motivação indireta na decisão de se cometer um crime. O que aconteceu com o senhor, não foi um caso de polícia e muito menos do BOPE ou da ROTA (É nóis aí, mano!). O que aconteceu com o senhor não foi nem crime: foi um acerto de dívida social.
O problema, Sr. Luciano Huck, é que o senhor zombou dos cidadãos desprovidos. Dos cidadãos sem a menor possibilidade de sentir o cheiro do cozido do seu Caldeirão! O senhor deu esperança para esses pobres miseráveis quando inventou que seria muita comédia fingir que havia perdido um colar valioso! Quem foi que mentiu pra população? Quem foi? Quem foi? Fala! Quem foi? Foi você, seu viadinho! Você faz a merda e depois quer que o Capitão aqui resolva!
O senhor sabe quanto cidadão desprovido ficou procurando essa merda de colar? O senhor sabe como ventou forte quando descobriram que era tudo armação? Pois bem! Agora aceita que o senhor fez uma DOAÇÃO para os desfavorecidos que o senhor tanto explora! Aceita logo porque pode ser descontado do seu imposto de renda que deve estar em dia, porque afinal o senhor paga uma fortuna de impostos, correto? Muito bem! Aceita essa porra e segue teu rumo. Se não gostou da realidade brasileira onde um playboy acha que pode sacanear o povo e depois comer emprenhar a Princesa dos Baixinhos duas vezes, pede pra sair! Pede pra sair, seu fraco!
Se você não fosse o vagabundo que é eu até te comprava um Rolex novo e enviava a nota de compra pro Vaticano, mas nem isso o senhor merece porque o senhor é moleque!
Até mais (porque se eu disser “adeus” é sinal que o senhor vai passar),
Capitão Nascimento - BOPE
P.S.: Qualquer erro de português ou gramática nessa carta será obra do Aspira Matias. Ele anota tudo o que eu estou falando pois no momento estou ocupado com minhas compras do mês. Deixaeuvê… 130 pacotes de Ziplock… 13 piaçavas…
segunda-feira, outubro 15, 2007
Postado por Ariett às 1:38 PM
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário