Há alguns dias, assisti a peça "Queixo-me mudo pois escuta-me surdo", que tinha o "nada" como tema. Das muitas cenas legais do espetáculo, me encantei com uma, que teve como base um texto da escritora polonesa Wislawa Szymborska. Para inaugurar essa nova fase do blog, reproduzo o texto que, na minha modesta opinião, faz todo sentido:
Uma contribuição para a estatística
De cada 100 pessoas
as que sempre sabem mais do que os outros
– 52
inseguras a cada passo
– quase todas as outras
felizes por ajudar
desde que isso não lhe tome muito tempo
– no máximo, 49
sempre boas
porque não podem ser de outro jeito
– 4, bem, talvez 5
capazes de admirar sem inveja
– 18
induzidas ao erro,
pela juventude tão efêmera
– mais ou menos 60
com quem não se brinca
– 44
vivendo com medo constante
de algo ou alguém
– 77
dotadas para a felicidade
– 20 e poucas
inofensivas quando sozinhas, selvagens em multidão
– metade, pelo menos
cruel
quando exigido pelas circunstâncias
– melhor não saber, nem mesmo aproximadamente
sábias depois dos fatos
– apenas um pouco mais que as sábias antes deles
pedindo da vida apenas coisas
– 30
(Eu gostaria de estar enganada)
encurvadas em sofrimento
sem uma luz na escuridão
– 83,
cedo ou tarde
justa
– 35, o que já é bastante
justas
e compreensivas
– 3
dignas de compaixão
– 99
mortais
– 100 de 100
até agora, número que não é possível mudar
terça-feira, dezembro 23, 2008
Postado por Ariett às 10:53 AM
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário