segunda-feira, dezembro 14, 2009

No shopping, você resolve escolher um lugar para almoçar. São várias opções, de fast-food a comida da fazenda. Você anda, olha, analisa o cardápio, analisa o preço dos pratos e, enfim, decide. Mas no momento em que o prato está feito (e pago) e você senta na mesa, percebe que não era bem aquilo que você queria. Mas não há mais o que fazer e você acaba comendo aquilo mesmo, pensando nas outras gostosuras que dispensou por motivos bobos.

Eu juro que isso não é uma metáfora. Foi só o que aconteceu comigo esse fim de semana. Mas vocês podem interpretar como quiserem.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Terça-feira, Andrea Mori, minha amiga da Letras, me encontrou na USP e disse que eu estava mais magra.

Na quarta, almocei feijoada.
Na quinta, Mc Donald's.
Hoje, depois de uma paella, duas sobremesas (e nenhuma delas era fruta. nem gelatina).

É o meu jeito de comemorar, ué.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Parece longo, mas leiam. Certeza que vai valer a pena. ;)

O homem; as viagens
Carlos Drummond de Andrade

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

(comentário para os fãs de literatura: ontem, minha professora disse que esse poema começa Camões e termina Fernando Pessoa. E não é que é?)

terça-feira, dezembro 01, 2009

O problema da piada do Robin Williams sobre o Brasil (dizendo que vamos sediar a Olimpíada porque levamos strippers e pó) não é o preconceito, nem o politicamente incorreto, nem a escrotice. O grande problema é que ele fiz piada com um clichê batido. E, consequentemente, sem graça.

Foi mais ou menos o que o Danilo Gentili fez na cobertura do CQC na partida Flamengo x Corinthians. O tempo todo tentou fazer graça com o risco que estava correndo porque as torcidas dos dois times têm fama de ladrões. Chegou a perguntar para um torcedor se Flamengo e Corinthians deviam jogar no Brinco de Ouro, porque o brinco corria o risco de ser roubado.

Esse mesmo cara causou polêmica há tempos, ao chamar negros de macacos. Muita gente achou preconceito, desrespeito. Eu simplesmente achei constrangedor e sem graça. Afinal, quem nunca ouviu uma piada dessas na vida? E, convenhamos, mesmo a piada mais engraçada do mundo perde a graça depois de repetida um certo número de vezes.

O comentário do Robin Williams foi apenas bobo e desnecessário. Ele podia ficar sem essa e a gente também.

O que me irrita não é a tentativa fracassada de piada. O chato é ver brasileiro dizendo que essa é a "imagem que o Brasil tem lá fora". Acreditem: essa NÃO é a imagem que o Brasil tem lá fora. Pode ser a imagem do Robin Williams, mas ele não representa a maioria.