segunda-feira, dezembro 14, 2009

No shopping, você resolve escolher um lugar para almoçar. São várias opções, de fast-food a comida da fazenda. Você anda, olha, analisa o cardápio, analisa o preço dos pratos e, enfim, decide. Mas no momento em que o prato está feito (e pago) e você senta na mesa, percebe que não era bem aquilo que você queria. Mas não há mais o que fazer e você acaba comendo aquilo mesmo, pensando nas outras gostosuras que dispensou por motivos bobos.

Eu juro que isso não é uma metáfora. Foi só o que aconteceu comigo esse fim de semana. Mas vocês podem interpretar como quiserem.

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Terça-feira, Andrea Mori, minha amiga da Letras, me encontrou na USP e disse que eu estava mais magra.

Na quarta, almocei feijoada.
Na quinta, Mc Donald's.
Hoje, depois de uma paella, duas sobremesas (e nenhuma delas era fruta. nem gelatina).

É o meu jeito de comemorar, ué.

quarta-feira, dezembro 02, 2009

Parece longo, mas leiam. Certeza que vai valer a pena. ;)

O homem; as viagens
Carlos Drummond de Andrade

O homem, bicho da Terra tão pequeno
chateia-se na Terra
lugar de muita miséria e pouca diversão,
faz um foguete, uma cápsula, um módulo
toca para a Lua
desce cauteloso na Lua
pisa na Lua
planta bandeirola na Lua
experimenta a Lua
coloniza a Lua
civiliza a Lua
humaniza a Lua.

Lua humanizada: tão igual à Terra.
O homem chateia-se na Lua.
Vamos para Marte — ordena a suas máquinas.
Elas obedecem, o homem desce em Marte
pisa em Marte
experimenta
coloniza
civiliza
humaniza Marte com engenho e arte.

Marte humanizado, que lugar quadrado.
Vamos a outra parte?
Claro — diz o engenho
sofisticado e dócil.
Vamos a Vênus.
O homem põe o pé em Vênus,
vê o visto — é isto?
idem
idem
idem.

O homem funde a cuca se não for a Júpiter
proclamar justiça junto com injustiça
repetir a fossa
repetir o inquieto
repetitório.

Outros planetas restam para outras colônias.
O espaço todo vira Terra-a-terra.
O homem chega ao Sol ou dá uma volta
só para tever?
Não-vê que ele inventa
roupa insiderável de viver no Sol.
Põe o pé e:
mas que chato é o Sol, falso touro
espanhol domado.

Restam outros sistemas fora
do solar a col-
onizar.
Ao acabarem todos
só resta ao homem
(estará equipado?)
a dificílima dangerosíssima viagem
de si a si mesmo:
pôr o pé no chão
do seu coração
experimentar
colonizar
civilizar
humanizar
o homem
descobrindo em suas próprias inexploradas entranhas
a perene, insuspeitada alegria
de con-viver.

(comentário para os fãs de literatura: ontem, minha professora disse que esse poema começa Camões e termina Fernando Pessoa. E não é que é?)

terça-feira, dezembro 01, 2009

O problema da piada do Robin Williams sobre o Brasil (dizendo que vamos sediar a Olimpíada porque levamos strippers e pó) não é o preconceito, nem o politicamente incorreto, nem a escrotice. O grande problema é que ele fiz piada com um clichê batido. E, consequentemente, sem graça.

Foi mais ou menos o que o Danilo Gentili fez na cobertura do CQC na partida Flamengo x Corinthians. O tempo todo tentou fazer graça com o risco que estava correndo porque as torcidas dos dois times têm fama de ladrões. Chegou a perguntar para um torcedor se Flamengo e Corinthians deviam jogar no Brinco de Ouro, porque o brinco corria o risco de ser roubado.

Esse mesmo cara causou polêmica há tempos, ao chamar negros de macacos. Muita gente achou preconceito, desrespeito. Eu simplesmente achei constrangedor e sem graça. Afinal, quem nunca ouviu uma piada dessas na vida? E, convenhamos, mesmo a piada mais engraçada do mundo perde a graça depois de repetida um certo número de vezes.

O comentário do Robin Williams foi apenas bobo e desnecessário. Ele podia ficar sem essa e a gente também.

O que me irrita não é a tentativa fracassada de piada. O chato é ver brasileiro dizendo que essa é a "imagem que o Brasil tem lá fora". Acreditem: essa NÃO é a imagem que o Brasil tem lá fora. Pode ser a imagem do Robin Williams, mas ele não representa a maioria.

segunda-feira, novembro 30, 2009

Essa semana, tenho prova de Latim, Morfologia e Literatura Brasileira 2. Semana que vem, entrego os trabalhos de Introdução à poesia inglesa, Leituras do Cânon e Literatura Brasileira 2 (sim, de novo).

Além disso, temos todos aqueles compromissos básicos de fim de ano, amigos que querem se encontrar antes de 2010 chegar, e, para deixar tudo ainda melhor, tenho dois chá de bebês e um chá de cozinha.

Ah, claro, trabalho normal de segunda a sexta.

Enfim, nem sei por onde começar. Talvez comece decidindo o que vou fazer no réveillon. :)

quinta-feira, novembro 12, 2009

Pergunto para a Bibi (6 anos) se ela quer ir na exposição do Pequeno Príncipe. E ela:

- O que é exposição?

Respondo:

- É um lugar onde você vai ver várias coisas relacionadas ao Pequeno Príncipe.

Sem perder tempo, ela retruca:

- O que é relacionadas?

quarta-feira, novembro 11, 2009

Adoro o Twitter. Digo mais: adoro a internet. Mas está cada vez mais insuportável aturar pessoas dando opiniões como se fossem verdade, sobre assuntos que elas não entendem absolutamente nada.

Foi assim no caso Geisy (achei absurda a expulsão dela, mas ouvi dizerem até que a menina representa a liberdade das mulheres e eu não reconheço essa moça como minha representante em nada!) e no caso apagão (que os especialistas não definiram o motivo, mas tem gente que já decretou que a culpa é do Lula). Só para citar os mais recentes.

Antes, eram só os jornalistas que agiam assim: achavam que sabiam mais do que todo mundo. Agora, todo mundo acha que é jornalista.

Ainda bem que eu estudo Letras. E não me acho dona da verdade.

terça-feira, novembro 10, 2009

Eu devia achar engraçado que uma pessoa que tenha me chamado de "lugar-comum" e declarado, por e-mail, que não visita meu blog, apareça constantemente no meu contador de visitas.

Mas eu acho triste.

E eu até entendo a pessoa mentir para a mim e para os outros. Mas qual a vantagem de enganar a si mesmo?

terça-feira, novembro 03, 2009

Resumindo o feriado:

mar, sol, caipirinha, sorvete, ondas e marolas, filé de pescada ao molho de camarão, rede, piscina até acabar o dia, preguiça, andar descalça, mais mar, mais sol, mais caipirinha, mais piscina, mais preguiça. FIM

sexta-feira, outubro 23, 2009

Anteontem, no ponto de ônibus em que eu estava, o dono de uma barraquinha estava com seu DVD portátil ligado, vendo o show de uma banda que cantava a seguinte canção:

"Quem vai querer a minha periquita, a minha periquita, a minha periquitaaaa?"


E é quando me deparo com acontecimentos como esse que percebo que NUNCA vou compreender certas pessoas.

sábado, outubro 17, 2009

Imagine que há dois caminhos para você chegar ao seu destino (e você não tem hora marcada para chegar). Um deles é mais fácil, mais rápido, porém feio e monótono. O outro é longo e muito mais difícil, mas é cheio de atrações divertidas.

Qual você escolhe?

(eu conheço muita gente que prefere o curto.)

quarta-feira, outubro 14, 2009

Uma música para resumir o feriado no Rio de Janeiro:

Você parece preocupado, anda meio angustiado
Esqueça tudo isso e tente relaxar
Afrouxe essa gravata, senão você se mata
E a vida é muito curta pra desperdiçar
Eu sei que não tá mole, mas tome mais um gole
Libere do seu corpo, toda essa energia
Venha para a brincadeira, o resto é besteira
Sinta como a muito, você não se sentia

A vida é muito linda
Pois venha aproveitar...
Dr. Silvana & CIA
Taí pra te ajudar..

Eh! Oh! Eh! Oh!
Eh! Oh! Eh! Oh!
Eh! Oh! Eh! Oh!
Eh! Oh! Eh! Oh!


Para quem não conhece, essa música é do Dr. Silvana, uma das bandas que foi atração da Festa PLOC, no Circo Voador. Além da banda, também estiveram lá, Sylvinho Blau-Blau, Afonso Nigro (sim, aquele do Dominó) e as Paquitas (que era uma dupla, formada pelas paquitas decadentes, que não conseguiram ser mais nada na vida além de paquitas).

Divertido é pouco!

sexta-feira, outubro 09, 2009

Amanhã, a essa hora, estarei na estrada, quase chegando no Rio de Janeiro, cidade que mora para sempre no meu coração.

Torci muito para que o Rio fosse escolhido como sede da Olimpíada de 2016. Quem acompanha esse blog há algum tempo, sabe que estive lá no Pan, em 2007, e voltei com a certeza absoluta que a gente podia sediar uma edição dos Jogos Olímpicos ao contrário dos que pensavam os urubus de baixa auto-estima.

Para quem realmente acompanhou, viu as apresentações e os vídeos das quatro cidades finalistas, sabia que o resultado mais justo era o Rio de Janeiro. E não era só por causa das belezas naturais da cidade, mas por todos os outros motivos lá apresentados.

Mas sempre aparece um para dizer: "ah, mas hospital e escola são mais prioritários que Olimpíada no Brasil". Bom, o País nunca sediou uma Olimpíada e nem por isso construiu os hospitais e as escolas que precisa. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Para ter hospitais e escolas e tudo mais que a população brasileira precisa, a eleição que interessa é outra, mas não a da cidade-sede da Olimpíada.

O problema é a tendência das pessoas em repetir idéias sem refletir sobre elas. É como o povo que diz "tem muito feriado no Brasil". Talvez tenha mesmo, mas somos a 10ª maior economia do mundo. Qual o problema de ter feriados?

Velhos do Restelo me cansam. Porque eu sempre prefiro ser uma otimista que está errada do que ser uma pessimista que está certa.

segunda-feira, setembro 21, 2009

É muito legal mudar. Aprender coisas novas. Conhecer pessoas diferentes. Ter motivos inéditos para se animar. E outros para se estressar. Adotar uma nova rotina, um novo caminho, ver outras ruas, outros restaurantes, outras caras, outros prédios.

Mudar é bom e eu recomendo.

segunda-feira, setembro 14, 2009

Já contei aqui que não sou mais funcionária do Pinheiros? Acho que não. Mas essa vai ser a única informação que contarei. Porque, acreditem ou não, pessoas não bem-vindas continuam visitando esse espaço.

E eu não quero saber de energias negativas para cima de mim.

segunda-feira, agosto 31, 2009

Sempre gostei de biografias, tanto nos livros quanto no cinema. Tenho uma curiosidade imensa para saber como foi a infância, a família, os primeiros amores e as dificuldades dos grandes homens e mulheres.

Quando soube que estava no cinema um filme que falava da vida de Roberto Carlos Ramos ("O Contador de História"), fiquei animadíssima para assistir. Não só porque ele é um dos 10 maiores contadores de história do mundo, mas porque eu já sabia de alguns detalhes que tornavam a biografia desse cara muito interessante.

Sábado, fui ao cinema e saí mais do que impressionada. A história, por si só, já é linda, porque é puramente baseada no amor entre duas pessoas. Mas não o amor romântico, e sim o amor mais puro que existe, aquele que não exige absolutamente nada em troca. Saber que isso existe já vale o filme.

Mas, mais do que isso, é mais uma produção nacional que prima pela qualidade. Há cenas que trazem tanta poesia que é impossível não se emocionar (como a que mostra as pernas do personagem correndo e crescendo).

Muita gente tem preconceito com cinema brasileiro e diz que só mostra pobreza e desgraça. "O Contador de História" é um filme que mostra pobreza, mas está longe de ser trágico. Acreditem: até um palavrão me fez chorar, na cena do mar.

Não vou dizer mais porque acho que vocês deviam assistir, porque o filme é lindo demais! E depois passem aqui para dizer o que acharam.

quarta-feira, agosto 19, 2009

Torci o nariz quando a professora de Portuguesa 2 disse que, nesse semestre, a proposta transgressora dela é que alunos de Letras leiam um livro (isn't ironic?) e esse livro seria "Os Lusíadas", de Camões.

Mas bastou ela lançar uma estrofe na lousa para que o meu pré-conceito desaparecesse:

"No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!

(...)

Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno"


Lusíadas, I, 106

Não é encantador, queridos bichos pequenos?

terça-feira, agosto 18, 2009

Hoje é o dia de mais uma mudança na minha vida. E mudança para melhor. Por enquanto, não posso contar muita coisa, mas aguardem as cenas do próximo capítulo (que prometem ser dramáticos!)

Só digo que já estou me sentindo bem mais leve. E mais feliz.

quarta-feira, agosto 12, 2009

Seja sincero(a): se você fosse neta do Sarney e seu namorado estivesse desempregado, com o perfil para trabalhar em uma vaga que você sabe que existe (porque seu irmão acabou de pedir demissão), você não pediria para o seu avô dar uma forcinha?

E se você fosse o avô? Não ia ajudar a neta?

Longe de mim querer defender o Sarney, mas os que mais criticam são os que só não fazem o mesmo que ele fez porque não podem.

terça-feira, julho 21, 2009

Quando um idiota resolve falar no celular no cinema, soltar um "pssshhh" é a solução mais educada. No entanto, levantar da cadeira e falar "ei, você, desliga esse celular!" é, sem dúvida, a mais eficiente.

Nem sempre, agir com educação é suficiente para conseguir o que é preciso.

quinta-feira, julho 16, 2009

"Grande erro da natureza é a incompetência não doer."

Millôr Fernandes

Mais do Millôr no www2.uol.com.br/millor

quarta-feira, julho 15, 2009

Quando eu estava no 1º colegial (faz tempo, viu?), aconteceu um fato na aula de Ciências que eu nunca mais esqueci. O professor costumava olhar o caderno das pessoas e dava nota de acordo com a organização e o conteúdo. Ou seja, se a pessoa faltou em uma aula ou perdeu a matéria por algum motivo nunca tiraria a nota máxima.

Mas na hora de olhar o meu caderno, o professor não percebeu que faltava um assunto e me deu 10. Eu, que nunca fiz o tipo discreto, contei, na mesma hora, o que tinha acontecido para os colegas que estavam sentados por perto.

Depois de olhar o último caderno da sala, o professor me chamou novamente, junto de outra menina. Olhou de novo meu caderno, percebeu o erro e diminuiu minha nota. Na sequência, pegou o caderno da menina e também diminiu a nota dela, com uma justificativa por escrito: "por ser dedo-duro".

Sei que eu não estava certa por ter ficado com uma nota que não merecia. Mas acho mais difícil entender porque aquela menina não conseguiu suportar a minha sorte. Porque uma coisa é querer uma nota alta (quem não quer?). Outra é querer uma nota alta mas, ao mesmo tempo, não querer que os outros também a tenham.

O pior de tudo é perceber que isso ultrapassa a barreira do colegial e da adolescência. Certas pessoas carregam essa inveja do mal para a vida toda. Se querem algo que não têm, não correm atrás dela. Simplesmente trabalham para que os outros percam.

Será que em algum momento elas percebem que isso não vai trazer nada de bom? Que a nota delas sempre vai ser menor?

quarta-feira, julho 01, 2009

"Por muitas falhas parecidas no passado, as pessoas não se sentem à vontade para julgar quem cometeu uma prática semelhante", Nazareno Fonteles (PT-PI), relator do processo que pedia a cassação do mandato do deputado Edmar Moreira (sem partido-MG), conhecido como deputado do castelo.

Não tem jeito. Se o povo não votar certo, vai continuar a lesma lerda. A imprensa de rabo preso (até o CQC foi proibido pela Band de cobrir as manifestações Fora, Sarney!), os outros políticos se protegendo porque fizeram cagadas iguais...

Nossa resposta a tudo isso tem que ser mudança. Chega dos mesmo partidos, chega dos mesmos políticos.

terça-feira, junho 16, 2009

Carta da professora Adma Fadul Muhana, que eu já admirava muito e agora admiro mais.

Mas há primaveras

A comunidade universitária e a opinião pública têm procurado, atônitas, acompanhar os acontecimentos recentes na Universidade de São Paulo. Como acreditar que professores, alunos e funcionários da USP, em especial da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, sejam criminosos cujos atos merecem ser severamente reprimidos com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e gás pimenta? Como acreditar que querem destruir seu patrimônio, agir com violência e causar danos aos demais? quem acredita nisso? por quê?

Se se compararem as informações e declarações dos últimos dias, será possível repor a situação. Em plena negociação salarial, em 25 de maio, a Reitoria fechou as portas do prédio e não deixou parte da comissão de negociação entrar. Ao agir assim e quebrar a regra da cultura democrática instituída, não era improvável que soubesse da reação dos estudantes que, impedidos de entrar, poderiam forçar a porta e fazer uma “invasão” relâmpago. Mas, depois dos acontecimentos de 2007, havia uma resolução do Conselho Universitário autorizando a Reitoria a chamar a polícia quando julgasse necessário, a qual foi aplicada.

Docentes e estudantes sabem ensinar e estudar, principalmente. Talvez até, de um modo um tanto canhestro e desafinado, também saibam protestar. Alguns estudantes gritam e chegam a tirar cadeiras e pô-las diante das salas de aula, impedindo a entrada nelas – sinais de sua impotência, de sua insegurança e da desinformação acerca de outros canais de manifestação mais legítimos e eficazes, de que os professores (ainda) dispõem. Mas essa alegada “violência” estudantil não tem parâmetro com as armas usadas pela PM, treinadas para eliminar malfeitores, e descontentes... Inacreditavelmente, a atual reitora da Universidade de São Paulo pensa que sim!

Isto é ofender a USP e todos os seus membros. Pretextando grupelhos, radicais e sabe-se lá mais o quê, a Reitoria entregou a direção da universidade a um comandante policial. Ao ser alertada por um docente de que a presença da polícia no campus poderia causar graves danos físicos e morais a membros da comunidade, e de que as armas utilizadas pelas tropas contemplavam escopetas e metralhadoras, a reitora limitou-se a dizer que a escolha das armas adequadas à ação policial não era da sua alçada. A reitora transferiu sua responsabilidade pela vida dos estudantes, professores e funcionários, das crianças e adolescentes que estudam na Escola de Aplicação, e de todos aqueles que livremente transitam pelo campus Butantã da USP, a um coronel da PM.

Os professores da USP não estavam em greve. A campanha salarial e a carreira docente importam aos professores porque sabemos o efeito nefasto que salários aviltados causam ao ensino, como temos visto na precarização do ensino secundário. Os mais velhos se lembram de como o ensino médio público era padrão de qualidade para a escola privada, o que hoje nos parece um sonho desaparecido. A recuperação salarial nos importa para que a Universidade pública não passe a ter salários tão baixos que os melhores profissionais prefiram se afastar dela e servir apenas à iniciativa privada, com seu principal interesse no lucro, e levando ao desaparecimento das investigações independentes que interessam ao coletivo. Lutar por salários, todos sabem, é lutar por deixar uma universidade com melhor qualidade e para que a USP tenha o que comemorar daqui a 25 anos.

Os estudantes da USP não estavam em greve. O temor relativo à Univesp, ou Universidade Virtual do Estado de São Paulo, provém da convicção de que a expansão virtual da Universidade se fará à custa da qualidade do ensino e em detrimento das políticas de permanência estudantil por que vêm lutando, da construção de salas de aula presenciais, bibliotecas, laboratórios, moradias e restaurantes universitários, temor compartilhado por alguns professores que relataram desconfianças na implantação do Programa.

Todos estes são assuntos importantes para homens e mulheres que, trabalhando dentro da Universidade, abdicaram de ser meros consumidores e reprodutores de um saber para, com diversas dificuldades, se tornarem sujeitos de conhecimento, de ação e de transformação da sociedade. Requeriam, pois, que decisões dessa monta fossem tomadas com o conhecimento da ampla maioria da comunidade acadêmica, e não por decretos e resoluções. Todavia, recusando-se a negociar, a esclarecer, a Reitoria da USP teve como única resposta para a dificuldade do momento inventar uma ocupação para chamar a polícia. No dia 9 de junho os professores em assembléia, pensando em conjunto como retomar as negociações, ouviram tiros e gritos que dificilmente esqueceremos. Do prédio da Reitoria, de uma de suas janelas, umas dez cabeças assistiam ao lúgubre espetáculo de alunos e professores fugindo das bombas e sendo acuados no prédio da História. Apesar disso, e embora vários colegas tenham tentado contatos com a reitora, a fim de evitar um desfecho de proporções inimagináveis, ninguém, em momento algum, atendeu aos chamados dos docentes. Contatado, finalmente, o governador se calou: as armas já tinham falado por ele. Passado o furacão, reitoria e aliados vêm a público se manifestar e justificar atos injustificáveis.

O tecido universitário está desfeito. Todos os que defendem uma universidade pública, com direito a discussões, propostas, ações solidárias e coletivas, deixamos de reconhecer a reitora como interlocutora de nossa prática acadêmica. É verdade que, dentro e fora da Universidade, há os que aprovam a ação da polícia, alegando destruição do patrimônio público; desqualificam a decisão das assembléias em favor da greve, apelando para o direito dos que querem aula, embora não compareçam a elas; contestam os piquetes de funcionários e alunos, argumentando serem contra uma “violência generalizada”. Essas mesmas vozes recorrem a proposições vagas e metafísicas, que, descoladas de seu contexto político, ridicularizam o direito “à diferença”, “à opinião” etc.; mas se calam diante de questões materiais decisivas para a Universidade estadual, como a destruição do patrimônio público perpetrada, esta sim, pela polícia e por fundações privadas instaladas no interior da USP. Negando o direito à greve e a piquetes, propõem em seu lugar que cada um faça o que bem entender, desde que confortavelmente instalados em seus gabinetes particulares, ao abrigo do espaço coletivo e presencial de discussão. Parecem supor que a condenação das assembléias de professores e estudantes é feita ainda em favor do direito do aluno, como pagador de impostos, de ter sua mercadoria-aula. Ao sobreporem a figura do consumidor à do cidadão, transferem a cultura da universidade privada para dentro da Universidade pública, transformando os grevistas em anti-cidadãos-vendedores que não cumprem sua parte no troca-troca do mercado – como se estes não pagassem também seus impostos e não tivessem direito a forma alguma de dissidência. Certamente que, assim, esse discurso cala-se diante da destruição da Universidade pública levada a cabo por governos neoliberais e encobre sua adesão à mesma ordem de coisas, sob a capa de uma pretensa motivação pacifista.

Neste sentido, a Universidade deve se envergonhar de que uma parte do seu corpo docente e discente não condene a ação policial contra atos de caráter político: pois isso significa que essa parte não se importa com o coletivo e com o tipo de conhecimento e ética que estão sendo transmitidos nessa Universidade. A sociedade deve saber disso e querer que, na Universidade de São Paulo, os professores, os médicos, os arquitetos, os atores, os engenheiros, os biólogos, os psicólogos e todos os que aí se formam, com a contribuição de todos nós, visem mais ao bem coletivo que ao seu único e próprio lucro. E fazer parte da coletividade implica ter de olhar para além do seu escritório particular, do seu consultório e da sua sala de aula.

Agora a Universidade de São Paulo está em greve, exigindo a retirada imediata e definitiva da polícia no campus, para que retornem as condições de diálogo entre todos os envolvidos. Mas desde que a Universidade foi violentada com a permissão, ou pior, a mando de seus dirigentes, os professores requerem que a atual reitora se afaste do cargo e torne a ser algo de que possa se orgulhar: professora. Oxalá, assim, o próximo reitor compreenda que uma universidade não se faz virtualmente, nem com tropas militares, mas com docentes, estudantes e funcionários preocupados com o ensino e com a pesquisa, e sobretudo, com fazer parte de uma menos triste humanidade.

Essa carta foi enviada a diversos veículos de comunicação, mas por motivos óbvios, não foi publicada.

sexta-feira, junho 12, 2009

Para manter a tradição, uma tirinha para o Dia dos Namorados:



Um bom dia e uma noite melhor ainda para todos.

quarta-feira, junho 10, 2009

De todas as decisões que eu já tomei na vida, uma das mais certas foi ter prestado Fuvest. Eu gosto de estudar e me sinto bem no ambiente questionador da USP, entre pessoas que não aceitam simplesmente o que está sendo exposto pelo professor, mas buscam pesquisar e saber mais.

É um lugar de produção de conhecimento (ao contrário da maioria das faculdades, que simplesmente transmite e divulga conhecimentos já existentes).

Muita gente (em especial, quem não passou na Fuvest) gosta de criticar as constantes greves na USP. É verdade, acontecem de monte. Nem sempre eu concordo os que motivam essas greves, o movimento estudantil anda bem desorganizado, mas no meio de toda a confusão, consigo enxergar uma pequena luz. Vejo que há pessoas que buscam mudar certos paradigmas. Para usar um clichezão, gente que luta contra o "sistema".

Como eu já disse, nem sempre sou a favor dessas lutas. Mas as considero legítimas em uma democracia. No entanto, o que aconteceu na USP ontem é tão aviltante que eu nem sei por onde começar meu comentário.

A Polícia Militar não tinha de estar no campus. A manifestação não era caso de polícia. A reitora (que, TODO MUNDO SABE, foi colocada lá pelo governador de São Paulo) chamou a PM pelo simples fato de não ter coragem nem competência administrativa de negociar os pedidos com os funcionários, professores e estudantes.

A PM estava na USP há uma semana. Simplesmente com a finalidade de pressionar qualquer manifestação - quando poderiam estar cuidando da segurança dos cidadãos paulistas onde isso é realmente necessário. Como era de se esperar, a panela de pressão explodiu ontem e o resultado foram bombas, pauladas e tiros de borracha. Uma das balas disparadas atingiu uma professora da Letras que eu DUVIDO que tenha ameaçado algum PM. Ou seja, eles atiraram a esmo.

Assim como no embate entre Militar e Civil que aconteceu em São Paulo no ano passado (e o governador se omitiu, assim como fez no caso da USP), a Polícia paulista mostra todo o seu despreparo.

A Polícia é ineficiente. A saúde pública está mergulhada no caos (só quem já precisou sabe). Nas escolas estaduais, são distribuídos livros com palavrões e mapa com dois Paraguais.

Poucos governos investem em educação porque quanto mais cabeças pensantes, menos chances eles terão de serem eleitos.

E o José Serra quer ser presidente da república. Você vai votar nele?

terça-feira, junho 09, 2009

Eu nunca fui muito fã do Karev. Mas foi lindo o que ele disse no episódio de ontem:

"It doesn't matter how tough we are. Trauma always leaves a scar. It follows us home, it changes our lives. Trauma messes everybody up. But, maybe that's the point. All the pain and the fear and the crap. maybe going through all that is what keeps us moving forward. It's what pushes us. Maybe we have to get a little messed up. Before we can step up."

Preciso dizer (de novo!) porque eu amo Grey's Anatomy?

segunda-feira, junho 08, 2009

Se existe algo que eu gosto de fazer quando estou em casa é zapear. Com exceção dos momentos em que eu estou vendo meus seriados preferidos (Grey's Anatomy, Private Practice, House...), eu fico mudando de canal até achar algo interessante. E, acreditem ou não, às vezes eu acho.

Há umas duas semanas (eu acho...), parei em um documentário da Cultura chamado "Um certo olhar" sobre o Fernando Meirelles. E é sempre bom constatar que algumas pessoas não perdem a essência mesmo quando tem fama ou exercem uma posição de poder. Pelo que ele disse e pelo depoimento das pessoas que conhecem o aclamado diretor, ele continua sendo um cara atencioso, educado, simpático e humilde. Assino embaixo o que a Regina Casé disse: "se um dia criarem um curso 'como ser Fernando Meirelles', vou ser a primeira a me inscrever".

Outro programa diferentíssimo de tudo que eu achei - e, pasme, na TV aberta - foi o tal E24. Quando comentei com a galera que trabalha comigo, notei que o programa já é famoso, porque mostra, sem cortes, os mais diversos atendimentos médicos em hospitais públicos de São Paulo. Eu sei, eu sei, parece carniceiro demais (e, em alguns momentos, é mesmo!), mas para mim, que adoro essas coisas médicas (vide os meus seriados favoritos) foi uma experiência hipnotizante. Eu vi de hemorragia interna à bebedeira, passando por uma amputação de braço e esfaqueamento por ex-marido maluco e, por mais que certas cenas impressionem, não conseguia parar de ver.

Ambos recomendados. Assim como eu recomendo "Uma Noite no Museu 2". É filme de criança, mas é TÃO legal. Já o "Wolverine", esperem sair em DVD. Nem compensa ir ao cinema.

terça-feira, junho 02, 2009

Pode ser que ele seja um fanfarrão e faça tudo no Photoshop. Mas se fosse o caso, já estaria cheio de processos nas costas, não? De qualquer jeito, vale clicar aqui e ver mais uma previsão do Jucelino da Luz.

De acordo com o site dele, ele previu até o assassinato de Isabella Nardoni. Será?

quinta-feira, abril 30, 2009

Se arrependimento matasse...

... eu continuaria vivinha da silva!

quinta-feira, abril 23, 2009

Hoje é dia do livro e na home da UOL tinha a chamada para um teste - aparentemente bobo - para descobrir que livro nacional você é. Nada para fazer nessa quinta-feira chuvosa, respondi as 10 perguntinhas e me surpreendi com o resultado:

Você é... "Carmen – Uma biografia", de Ruy Castro

Boa história é com você mesmo. Adora ouvir, contar, recontar. As de pessoas interessantes e revolucionárias são as suas preferidas. Tem gente que liga para você só para saber das últimas fofocas. E confesse: com seu jeitinho manso e detalhista, você dá aos fatos um sabor todo especial. Além disso, não se contenta em reproduzir o que já foi dito. Por isso, se fosse um livro, você só poderia ser uma boa biografia, daquelas que faz os leitores deitarem na rede do fim de semana e se entregarem às peripécias de uma grande personagem. Aliás, você já pensou na profissão de repórter? Ou de escritor?
"Carmen – Uma Biografia" (2005), sobre Carmen Miranda, é uma das aclamadas biografias publicadas por Ruy Castro, também jornalista e tradutor, considerado um dos maiores biógrafos brasileiros.


E a resposta não podia estar mais exata: além de fã do Ruy Castro, em certos aspectos, até me identifico com a Carmen.

Se quiser brincar também, acesse o site Educar para Crescer.

segunda-feira, abril 20, 2009

Ontem, o São Paulo jogou mal e perdeu o jogo. Paciência, acontece com os melhores times do mundo. Eu, como torcedora, não queria perder, mas também não acho que isso seja o fim do mundo.

Mas, mais do que a derrota, me chateia o Ronaldo. Nada representa mais esse cara do que o gesto que ele fez para comemorar o gol de ontem. Copiou o gesto obsceno do Cristian, porém sem a mesma coragem de mostrar o dedo do meio. Porque, afinal, ele precisa manter a imagem de bom menino, de coitadinho, de eterna vítima. Só que, por trás do gesto "inocente", a intenção era a mesma do Cristian: provocar a torcida adversária. Não foi uma comemoração pela vitória do Corinthians, mas sim contra o São Paulo.

Não gosto de gente que finge ser o que não é. Que faz questão de passar uma imagem mentirosa. Eu acho que, pelo que ele custa ao time, devia estar fazendo bem mais. Mas cada um, cada um, né?

Os corintianos amam o Ronaldo. Mesmo aqueles corintianos que também chamavam o cara de gordo quando ele estava longe de jogar no Corinthians. E, se a gente pensar bem, vai sacar que o Ronaldo combina com o Corinthians, o time que fez um longa-metragem para exaltar a passagem pela segunda divisão.

Corintianos adoram dizer que são-paulinos são torcedores de fim de semana, só usam a camisa quando o time ganha. Eu juro que pensei que fosse óbvio que as pessoas comemorassem apenas as vitórias. Se o meu time cair para a segunda divisão algum dia, vou querer esquecer que isso aconteceu. O Corinthians prefere alardear, como se tivesse sido vítima de uma conspiração, tadinhos.

Mas não foi. Eles jogaram mal e caíram. Acontece.

Só eu não acho que isso é motivo de orgulho?

sexta-feira, abril 10, 2009

Voltando do trabalho ontem, meu celular toca. Era o Amaral, meu amigo de longa data:

Eu: Alô.
Amaral: Quem fala?
Eu: Ariett.
Amaral: Oi, Ariett, aqui é o Alexandre Amaral, não sei se você se lembra, mas estudamos juntos no ginásio. Eu era aquele menino que não penteava o cabelo.
Eu: Ai, Amaral, pára de ser bobo.
Amaral: Tá bom. Na verdade, eu só liguei pra dizer que você é muito especial. Mas como eu estou com o telefone da empresa e são eles que pagam a conta, me conta: como está vida?

E seguimos em quase 40 minutos de conversa e muitas risadas.

Ainda não inventaram nada melhor que amizade sincera. Com destaque para a sinceridade.

terça-feira, março 31, 2009

Li uma linda mensagem no jornal esses dias e uma parte dela ficou guardada na minha mente:

"Reverencie a todos. Se você não puder reverenciar alguém, deixe-o sair da sua vida."

Taí uma coisa que eu faço. Conheço gente demais para acumular pessoas que não valem a pena (que fique bem entendido: não valem a pena para mim, não para o mundo). Faço todos os esforços do mundo para manter as pessoas que eu gosto por perto e, sempre que possível, as reverencio.

As outras, eu deixo ir. Sem mágoas, sem sentimentos ruins. Simplesmente param de existir.

quarta-feira, março 18, 2009

Na mesma semana em que eu vendi o meu carro, minha avó quebrou o fêmur (mas já operou e teve alta) e o Bruce Dickinson resolveu visitar o Clube Pinheiros, a tecnologia do referido Clube resolveu bloquear o acesso ao Blogger.

Ou seja, posts sobre os últimos acontecimentos não vão rolar. E o que já era esporádico vai ficar ainda pior.

E, como se não bastasse, hoje bloquearam o Twitter.

O que vai acontecer com as minha tardes tediosas? Aguardem cenas do próximo capítulo.

sexta-feira, março 13, 2009

Namorados
Manuel Bandeira

O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
— Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listada?
A moça se lembrava:
— A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.

quarta-feira, março 11, 2009

Ontem, na aula de Latim, a professora explicava como conjugar verbos no imperativo e exemplificou com os verbos dare e parare:

- Date! Parate!

Ni qui o gaiato ao meu lado solta:

- Biscate!

sexta-feira, março 06, 2009

A história do padrastro que estuprou as enteadas de 9 e 14 anos (esta, com problemas mentais) é de chocar qualquer pessoa que tenha algum caráter e alguma moral. Como foi noticiado, para piorar o quadro, a menina de 9 anos engravidou. Pais e médicos decidiram pelo aborto, conscientes de que a menina não tinha condições físicas, nem psicológicas de ter filhos nesse momento. Nesse caso, o aborto foi uma tentativa de resgatar um pouco da vida dessa menina.

Difícil avaliar o que é mais triste nesse caso.

E como se fosse necessário que piorar, a igreja católica decidiu excomungar os pais da menina e os médicos que fizeram o aborto, por considerá-los assassinos. Mas o estuprador não foi excomungado. Como em uma reedição das piores da célebre frase de Paulo Maluf, a Igreja Católica acha que estuprar pode, mas matar não, independente dos agravantes e atenuantes de cada uma destas ações.

Quando te perguntam qual a sua religião, você diz que é católico? Você casou na igreja e fez seus juramentos diante de um padre? Você vai a missa de vez em quando para pedir perdão dos seus pecados? Lamento informar, mas você é conivente com essa e outras decisões abjetas e hipócritas da igreja.

Eu, que não acredito na justiça católica, nem tenho esperança no judiciário brasileiro, coloco todas as minhas expectativas na lei da cadeia. Não quero pena de morte. Só torço, com todas as minhas forças, que esse padrastro filho da puta divida a cela com mais 40 homens e vire mulherzinha de todos eles.

domingo, fevereiro 22, 2009

Não sei se a lista que foi divulgada com os ganhadores do Oscar é verdadeira ou é uma baita fraude.

Mas em alguns quesitos, eu assino embaixo a tal lista. "Slumdog Millionaire" é um dos melhores e mais criativos filmes que eu vi nos últimos anos. Merece o prêmio máximo (mesmo eu não tendo visto todos os concorrentes).

Na categoria melhor ator, Mickey Rourke realmente arrasou em "O Lutador". O filme é ótimo e boa parte desse ótimo é graças a atuação do cara. Que está horrível, com a cara muito estranha, é verdade. Mas mandou bem demais nesse filme.

Para melhor atriz, ainda não vi "O Leitor". Mas meu voto é da Kate Winslet só porque sou fã dela.

E o Oscar póstumo do Heath Ledger não vai ser uma grande surpresa pra ninguém, né?

Logo mais, a gente confere se eu e a lista estamos certos.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Esqueci de contar aqui uma das minhas mais recentes vitórias: cancelei a NET! Um belo domingo, irritada porque estava sem sinal, liguei para eles. Na primeira, teclei a opção "financeiro", porque a idéia era apenas pedir o ressarcimento pelo dia sem sinal. Não fui atendida depois de 8 minutos de espera.

Liguei de novo, dessa vez, escolhendo "cancelamento" (nem lembro quantos números eu teclei). Novamente, uma espera insuportável.

Na terceira tentativa, resolvi radicalizar e segui as orientações para comprar o pay-per-view do Big Brother. Adivinhem? Nem ouvi a musiquinha e, em menos de 30 segundos, ouvi a voz da atendente.

Comecei meu discurso de consumidora insatisfeita sugerindo que eles transferissem alguns atendentes da seção de venda de novos produtos para o cancelamento, onde ninguém atendia. Depois de uma breve discussão (e eu nem gosto de discutir, né?), a atendente lança:

- É cancelar que a senhora quer? Me fale o CPF.

Passei o número imediatamente, achando que ela fosse me transferir para a supervisora ou me enrolar por algum tempo. Para minha surpresa, ela cancelou mesmo! Na hora!

Dois dias depois, vieram retirar o equipamento. E mais dois dias, eu já tinha a TVA digital instalada (com algumas vantagens sobre a NET).

O engraçado é que o cancelamento foi tão rápido, que provavelmente a mocinha do atendimento não fez o que devia fazer. Ou seja, uma semana depois, recebi um telefonema da NET, informando que eles podiam diminuir o valor da mensalidade para que eu ficasse com o serviço. Ah, como é legal dizer: "não, obrigada, já tenho outra TV por assinatura bem melhor que vocês. Rá!".

Ainda apareceu esse mês uma fatura da NET. Melhor ainda é ligar lá e dizer que eu não sou mais cliente, portanto não vou pagar NADA! Quase cantei: "chora, perdeu o meu amor agora CHOOOORAAAAA".

A Claro que me aguarde!

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Quem entende de interpretação diz que é mais difícil fazer a platéia rir do que chorar. Então, eu não entendo como o Jim Carrey ainda não ganhou o Oscar porque ele consegue fazer muito bem as duas coisas. Raro encontrar alguém que não tenha se emocionado com "Brilho eterno de uma mente sem lembrança". Assim como acho bem difícil alguém não rir com "Sim, senhor". Assisti no fim de semana e achei muito divertido!

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

Há um discurso-clichê em que as pessoas dizem que têm muitos colegas, mas amigos "dá pra contar nos dedos". Bom, eu não posso afirmar o mesmo. Não consigo contar meus amigos nos dedos, nem se juntar os dos pés.

Para dar uma idéia (ah, nova norma ortográfica aqui só em 2012), o primeiro amigo da minha vida, que aparece nas fotos do meu aniversário de 1 ano, é meu amigo até hoje. Tenho amigos do ginásio, do colegial, da faculdade, do Estadão, do meu bairro, de balada, até amigos de amigos que viraram, enfim, amigos também. Ah, claro, errei algumas vezes. Confiei e me dei mal. Mas foi em uma quantidade tão menor do que às vezes que eu acertei, que nem vale a pena contar.

Acreditem: todas essas pessoas em quem eu penso enquanto escrevo esse post são amigos mesmo, no melhor estilo "stand by me". Não falo com eles só no Natal e no aniversário. Pelo contrário, já que eu tenho esquecido o aniversário de todo mundo. Sei que eles estão sempre por perto, mesmo morando longe. E vão estar presentes sempre que eu precisar.

E eu tenho TANTO orgulho deles. Porque mesmo sendo muitos, são todos incríveis, sem exceção.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Carta publicada no suplemento Folha Equilíbrio de hoje:

"A sensação de o tempo passar mais rápido no decorrer da vida ocorre porque o tempo está relacionado à nossa mente: nos primeiros meses de vida, ele não existiria; com o desenvolvimento do raciocínio, julgamos o tempo proporcionalmente à idade. Assim, ao falar a uma criança de três anos que o Natal será em 12 meses, ela acha muito, pois um ano equivale a 1/3 da vida dela; para alguém de 30 anos, seriam 1/ 30; para outro de 60, 1/60. Isso explicaria o encurtamento do tempo quando envelhecemos."
FRANCISCO FRANÇA CAMARGO FILHO

Faz sentido, não faz?

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Assisti "O curioso caso de Benjamin Button", que, se eu tivesse que resumir em uma palavra, diria que é um filme bonito. E eu não estou falando apenas do Brad Pitt (aliás, parabéns, Brad!). A fotografia, cenografia e figurino do filme são lindos e os textos também são sensacionais, como esta carta do Benjamin para sua filha:

"For what it's worth: it's never too late or, in my case, too early to be whoever you want to be. There's no time limit, stop whenever you want. You can change or stay the same, there are no rules to this thing. We can make the best or the worst of it. I hope you make the best of it. And I hope you see things that startle you. I hope you feel things you never felt before. I hope you meet people with a different point of view. I hope you live a life you're proud of. If you find that you're not, I hope you have the strength to start all over again."

O filme é longo (quase 3 horas), mas não é à toa que está concorrendo a 13 Oscars.

terça-feira, janeiro 20, 2009

Como fazer poesia em quadrinhos
Uma aula de Fabio Moon e Gabriel Bá (veja mais clicando sobre os nomes)

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Todo começo de ano é igual: começa o BBB e aparece um monte de eu-quero-ser-intelectual, dizendo que o programa é uma merda, devia acabar, que causa imbecilidade em quem assiste e mais aquele monte de coisas que você já deve ter ouvido algum conhecido dizer. Não entendo tanta gente culta nesse mundo e a TV Cultura dando traço de audiência, mas...

Não assisto o BBB. Mas não porque eu tenho uma tese chata comprovando que o programa é ruim. Não assisto simplesmente porque não gosto. Assim como odeio o Chaves, não suporto o Bob Esponja e, ultimamente, não acompanho mais novelas. Mas nada contra quem gosta. Não acho que as pessoas que gostam são mais ou menos burras do que eu. Como bem diz minha mãe, eu critico novela, mas assisto um série de TV em que a ilha muda de lugar.

E, vale lembrar, o papel da televisão não é educacional. Quem educa é a família e a escola. Quando ambos funcionarem, talvez a televisão comece a mudar, assim como a imprensa, a política e vários outros aspectos da vida em sociedade.

Enfim, como todos sabem, gosto é como... umbigo! Cada um com o seu. E chega dessa chatice de julgar a pessoa pelo que ela assiste na TV ou ouve no MP3 player.

terça-feira, janeiro 13, 2009


"Acredito cada vez mais que nosso amor pelas pessoas não é condicionado à virtude delas"

Hugh Larie, o cara que interpreta dr. House, explica porque as pessoas adoram o odiável médico

segunda-feira, janeiro 12, 2009

Estava demorando para aparecer uma passeata pela paz na Faixa de Gaza. E eu, que já acho sem sentido passeatas pela paz no Rio de Janeiro ou em São Paulo, nem preciso dizer o quanto eu considero essas ações inúteis, né? Sim, porque basta uns 3 mil brasileiros saírem andando pela Paulista para sensibilizar o Hamas e o governo de Israel.

Eu podia parar por aí, mas os caras - que, lembrem-se, estão caminhando pela paz - resolvem QUEIMAR a bandeira de Israel! Isso serve até para entender como uma guerra começa. Porque imaginem se esses caras, que lutam pela paz, tivessem mais do que fósforos e isqueiros? Imaginem se eles tivessem bombas? É provável que atacassem algum bairro judeu em São Paulo. Mas tudo em nome da paz, claro.

terça-feira, janeiro 06, 2009

Melhor comentário da semana
(que mal começou...)


Eu: Pra viajar tranquila, tive de fazer um monte de coisa no carro. Alinhamento, balanceamento, troca de óleo...
Ele: Mas isso precisa fazer mesmo, não é só pra viajar.
Eu: Eu sei que precisa, mas eu não gosto.
Ele: Mas nessa vida a gente não faz só o que gosta. Eu não gosto de fazer cocô, mas faço.

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Abaixo do já "consagrado" Olha Só! (oh, como eu sou famosa...), dei um subtítulo ao meu blog: Discutindo o indiscutível. Porque discutir é um dos meus passatempos prediletos, incluindo aí os temas religião, futebol e política (conhecidos como os que não se discute).

Tenho opinião formada sobre muitos assuntos. Mas não me acho dona da razão e não me importo em aceitar novos pontos de vista e mudar de opinião. Diferente de muita gente, não fere o meu orgulho ou faz com que eu me sinta menos esperta, aceitar os argumentos de outra pessoa e dar-lhe a razão que eu achava que tinha.

Mas isso só acontece quando uma discussão realmente acontece. E ela só acontece quando há pessoas inteligentes expondo opiniões, fazendo com que as outras pessoas olhem de uma outra forma o mesmo assunto. Infelizmente, nem sempre isso acontece.

Vou usar como exemplo um tema recorrente nas minhas discussões: Engenheiros do Havaí. Eu odeio. Acho a pior banda da música brasileira. Perde até para o É o Tchan. Humberto Gessinger é péssimo músico, péssimo vocalista e prefiro nem expressar minha singela opinião sobre suas composições.

Mesmo com tanto ódio em meu coraçãozinho, já ouvi argumentos muito interessantes sobre essa porcaria de banda. Não, não mudaram minha opinião, mas fazem sentido o que me faz respeitar as pessoas que as apresentaram.

Por outro lado, já ouvi coisas como: "pô, mas você gosta de Leo Jaime, não pode falar de Engenheiros". E quando me deparo com esse tipo de resposta, tiro logo uma conclusão: se nem uma pessoa que gosta da banda consegue um argumento para defendê-la, então eu devo ter razão. E a pessoa... bem, digamos que eu passo a considerá-la um pouco burra, o que ratifica a minha opinião: pra gostar de Engenheiros, só sendo meio bobo mesmo.

Não adianta atacar os meus gostos, apontar meus defeitos e falar mal sobre a minha vida pessoal. Os Engenheiros ainda estarão lá, cantando versos do tipo "paralelas que se cruzam em Belém do Pará". A melhor resposta é sempre um bom argumento. Não só para defender o talento poético do Gessinger, mas em qualquer outra discussão.